O Sonho da Casa Própria

O Sonho da Casa Própria

Saber as diferenças entre consórcio, leasing e crédito bancário são essenciais para comprar o imóvel sem transtornos.

 

O sonho da casa própria muitas vezes precisa passar por inúmeros cálculos. A análise dos meios possíveis vai do quanto se pode gastar até como tudo será quitado. O Brasil passa por um desenvolvimento no setor imobiliário, no qual a liberação de crédito para compra aumentou a demanda da procura por um lar. Entre as formas de pagamento, estão o financiamento bancário, o consórcio e o leasing. Veja as diferenças e encontre a melhor maneira para dar início à corrida até sua propriedade..

 

 

Antes de optar pela modalidade de financiamento, é preciso entender como funcionam consórcios, leasing ou créditos bancários. O consórcio tem o mesmo mecanismo de quando se compra um veículo. Uma empresa administradora monta grupos com número de clientes interessados em comprar um imóvel de determinado valor. Cada um compra cotas desse valor e paga uma parcela mensal. Três consorciados são contemplados com uma carta de crédito no valor do imóvel no mês, através de sorteio ou lance, que significa um adiantamento de dinheiro a fim de obter mais cedo a carta de crédito, sem depender da sorte. O prazo final é de 120 meses

A vantagem apresentada por essa modalidade é que não tem taxas de juros, mas apenas de administração. Segundo a Superintendência da Unidade de Crédito do Banrisul, o consórcio se assemelha a uma poupança que no final dá uma carta de crédito.


Outra possibilidade é o leasing, quando o bem imóvel a adquirir fica de propriedade da instituição financeira, uma “locadora”, pagando o cliente uma renda mensal até liquidação da totalidade do crédito. Com o pagamento desta última prestação, o bem volta a ser propriedade do cliente.
Já os financiamentos são realizados por bancos, que pagam ao vendedor do imóvel a quantia que quem compra quer financiar. A partir daí, o comprador deve pagar o banco que quitou sua dívida. Durante esse período, o imóvel fica ligado à pessoa que fez a compra, mas não pode ser negociado enquanto a dívida com o banco não é paga. Diversas instituições financeiras disponibilizam o crédito e se diferenciam nas condições de pagamento, taxas de juros e valor que pode ser financiado.

 

 

O Sistema Financeiro da Habitação serve para financiamentos imobiliários para pessoas que querem comprar suas residências. No exemplo do Banrisul, o valor médio financiado é de R$ 100 mil. A taxa máxima de juros é no valor da taxa referencial, calculada em cima da básica financeira, mais 9,5% de acréscimo ao ano (conforme levantamento feito em 2011).
Se essa for a opção escolhida na hora de adquirir um imóvel, o cliente deve passar na agência, fazer um cadastro e definir a demanda do financiamento. Para conseguir o crédito, deve poder comprometer 30% da renda familiar bruta, composta por todos os valores brutos recebidos por quem compõe o grupo.  O banco financia até 90%, em um período de até 30 anos.

 

As construtoras estão investindo em empreendimentos com unidades menores e com preços mais populares, a fim de atingir todos os segmentos do mercado. Ainda assim, o grande foco das empresas é na nova parcela populacional que procura por habitação.
As instituições financeiras também têm interesse nesse aquecimento do mercado, pois o cliente que consegue financiamento vira cliente do banco. Com 30 anos de parcelas para quitar a casa, o cliente terá uma longa relação com o banco. Acaba fiel, para o resto da vida, àquele que financiou a sua casa.

 

Além disso, outros negócios serão possíveis através de uma análise sobre o perfil do cliente. Tanto o novo dono da casa quanto o banco ganham com o financiamento. As condições e as taxas são muito atrativas. A pessoa que está pagando aluguel não terá mais seu dinheiro recuperado. Comprar uma casa é investimento, além de trazer satisfação e orgulho.

 

 

Passando adiante a carta de crédito

 

O empresário Fernando Lopes planejava trocar de casa. Para isso, comprou duas quotas de consórcio, em venda casada, que significa a inscrição do número de cliente em dois grupos de consórcio e, no momento em que é contemplado em um, no outro também será. O planejamento de Lopes era retirar a carta por lance, depois de algumas parcelas pagas.

 

A escolha pelo consórcio pode ser explicada pela diferença de taxas em comparação com o financiamento. “Vale mais, pois só é preciso pagar a taxa de administração e o reajuste anual. Não tem juros como no financiamento”, afirma Lopes.

 

Mas a sorte vem sem avisar e Lopes foi contemplado por sorteio no terceiro mês, ficando com as duas cartas de crédito. Como não esperava, nem havia se preparado para a chegada do dinheiro, que era mais do que o necessário para a compra de sua casa. Para fazer o melhor negócio, entrou em contato com a empresa de consórcio e pediu auxílio no procedimento de venda de uma das cartas.

 

O preço cobrado aos interessados pela carta é o valor pago pelo quotista e mais o ágio, uma porcentagem do valor total da carta, estabelecida por quem está vendendo. Quem compra a carta também assume as prestações restantes do consórcio.
“O grande problema nesse tipo de transação é a falta de confiança”, garante o empresário. As cartas anunciadas em jornais podem ser mais caras do que as vendidas com orientação. Por isso, o ideal é procurar uma empresa que possa auxiliar no processo

 

 

Compra com financiamento

 

Após nove anos pagando aluguel, Úrsula Boeck, em conjunto com a irmã e suas duas sobrinhas, com quem mora, decidiu investir na tão esperada casa própria. A possibilidade de usar o Fundo de Garantia como entrada no negócio também determinou a decisão.

 

O primeiro passo foi procurar a casa. Encontrar o imóvel no padrão desejado, em um bairro que não interferisse na rotina já estabelecida, demorou mais do que a burocracia de financiamento. Na hora de negociar com o banco, o fundo atribuído a dez anos de trabalho, aliado a um dinheiro reservado, serviu como entrada. Feito isso, mais um reforço precisou ser dado à imobiliária. Restam agora 25 anos de parcelas no financiamento, que diminuirão ao longo do tempo.
"A vantagem é que estamos deixando um patrimônio para os descendentes, que era uma das maiores preocupações. É investir de verdade no futuro", garante Úrsula.
O dinheiro que era usado em condomínio serviu também para investir nas melhorias no imóvel. "No aluguel as melhoria vão para o imóvel dos outros e não se pode levar nada quando se vai embora, é só conservação. Na casa própria é ao seu gosto, sem pedir permissão paraninguém. É por vontade própria", conclui.